segunda-feira, 11 de abril de 2011

O mal-estar na História

“À medida que buscamos as origens, vamos nos tornando caranguejos. O historiador olha
para trás; até que finalmente também acredita para trás” (Nietzsche)
Porque não estamos mais conformados com as respostas históricas? Onde as explicações
que outrora davam conta das regularidades do social andam falhando? Por que o modo de produção feudal não se configura mais como uma chave para entendermos um processo de que hoje somos parte? Porque muitas sociedades não acompanharam a marcha da liberdade e da democracia inauguradas com a Revolução de 1789? Por que tomar o poder central não está mais bastando?

O aparente pode ser mais transparente com uma genealogia cinza?

A origem estaria se escondendo entre a grama das multiplicidades?

As ruínas, antes vestígios do passado, agora são construções do progresso?

A revolução proletária estaria virando reforma das novas identidades?

O saber, a tanto casado com a liberdade, foi para a cama com o poder?

O poder pode ser uma ponte entre nós?

A História não seria mais conduzida pelo futuro?

Mal-estar na História. Mal-fazer História. Mal-saber História. Mal-acabada História.

domingo, 20 de março de 2011

Amor na Torre de Babel

Esta Torre de Babel não tem internamento nem injeção. Mas esta Torre de Babel tem uma
arquitetura que poderia muito bem lembrar os “palácios para guardar doidos”. Esta Torre de
Babel é habitada por uma infinidade de linguagens, desde o mais autodestrutivo inimigo da
modernidade ao mais eufórico dos cientistas. Esta Torre de Babel é onde eu moro. Nesta Torre de Babel foi onde eu conheci o pensamento da diferença. Nesta Torre de Babel, em 2008, foi onde eu conheci o amor.

Habitar Babel babelicamente pressupõe a não organização da diferença a partir das
identidades. Por isto, a minha musa de Babel não poderia ser definida. A minha musa de Babel
trouxe os perigos do fora. “Eu não te amo porque você é projeção de alguma coisa, identificação
de alguma coisa. Eu te amo justamente porque você não é eu!” A minha musa de Babel escapa a
mim. A minha musa de Babel me invadiu. A minha musa de Babel caiu do pedestal uma, duas,
três, quatro vezes...

A minha musa de Babel era de um brilho que realçava aquilo que estava a seu redor. E eu
não conseguia dar uma resposta a minha musa de Babel. Era quase desesperador não conseguir
dar uma resposta metódica, metida, metafísica - enfim, o que me veio foi uma resposta, no
máximo, mediana. A minha musa de Babel me disse que o amor não existia. A minha musa de
Babel me convidou a invertamos juntos o que não existia.