domingo, 20 de março de 2011

Amor na Torre de Babel

Esta Torre de Babel não tem internamento nem injeção. Mas esta Torre de Babel tem uma
arquitetura que poderia muito bem lembrar os “palácios para guardar doidos”. Esta Torre de
Babel é habitada por uma infinidade de linguagens, desde o mais autodestrutivo inimigo da
modernidade ao mais eufórico dos cientistas. Esta Torre de Babel é onde eu moro. Nesta Torre de Babel foi onde eu conheci o pensamento da diferença. Nesta Torre de Babel, em 2008, foi onde eu conheci o amor.

Habitar Babel babelicamente pressupõe a não organização da diferença a partir das
identidades. Por isto, a minha musa de Babel não poderia ser definida. A minha musa de Babel
trouxe os perigos do fora. “Eu não te amo porque você é projeção de alguma coisa, identificação
de alguma coisa. Eu te amo justamente porque você não é eu!” A minha musa de Babel escapa a
mim. A minha musa de Babel me invadiu. A minha musa de Babel caiu do pedestal uma, duas,
três, quatro vezes...

A minha musa de Babel era de um brilho que realçava aquilo que estava a seu redor. E eu
não conseguia dar uma resposta a minha musa de Babel. Era quase desesperador não conseguir
dar uma resposta metódica, metida, metafísica - enfim, o que me veio foi uma resposta, no
máximo, mediana. A minha musa de Babel me disse que o amor não existia. A minha musa de
Babel me convidou a invertamos juntos o que não existia.